Em comparação ao ano passado, número de inadimplentes do Brasil teve crescimento de 8,32%. Média das dívidas é de R$ 3.974
24/04/2023 13h36
O número de inadimplentes no país voltou a crescer em março de 2023 e atinge 66 milhões de brasileiros, um recorde da série histórica do levantamento. O Indicador realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que quatro em cada dez brasileiros adultos (40,58%) estavam negativados em março deste ano. Em março de 2023 o volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 8,32% em relação ao mesmo período de 2022.
Com base nos dados disponíveis em sua base, que abrangem informações de capitais e interior de todos os 26 Estados da federação, além do Distrito Federal, a CNDL e o SPC Brasil registram que a variação anual observada em março deste ano ficou acima da observada no mês anterior. Na passagem de fevereiro de 2023 para março de 2023, o número de devedores cresceu 1,01%.
GRÁFICOS – NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES
“O recorde de inadimplência no país é reflexo de incertezas econômicas vividas nos últimos anos, dos altos juros do Brasil, desemprego e renda baixa. É necessário que o governo olhe com atenção e busque uma estabilidade econômica para que o consumidor tenha condições de negociar e pagar seus débitos”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
GRÁFICOS- NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES POR TEMPO DE ATRASO
O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 1 a 3 anos (13,18%).
O número de devedores com participação mais expressiva no Brasil em março está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,84%), são 16,37 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa. Tal montante equivale a 47,96% do total desta deste grupo etário. A inadimplência segue bem distribuída entre os sexos: 51,06% mulheres e 48,94% homens.
“O consumidor necessita de um ambiente mais equilibrado economicamente para conseguir sair da inadimplência. A renda ainda está muito baixa e os juros altos. Além disso, temos a questão da educação financeira e dos gastos por impulso que contribuem negativamente para esta realidade da inadimplência no país”, alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
GRÁFICOS – NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES POR FAIXA ETÁRIA E SEXO
GRÁFICO – ESTIMATIVA DE INADIMPLENTES POR FAIXA ETÁRIA
CADA NEGATIVADO DEVE, EM MÉDIA, R$ 3.974,73. MAIOR PARTE DAS DÍVIDAS SÃO COM BANCOS
Em março de 2023, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.974,73 na soma de todas as dívidas. Considerando todas essas dívidas, cada inadimplente devia, em média, para 2,05 empresas credoras.
GRÁFICO – NÚMERO DE PESSOAS INADIMPLENTES POR VALOR TOTAL DAS DÍVIDAS
Os dados ainda mostram que cerca de três em cada dez consumidores (31,99%) tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 46,35% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.
Em março de 2023, o número de dívidas em atraso no Brasil teve crescimento de 19,18% em relação ao mesmo período de 2022. O dado observado em março deste ano ficou acima da variação anual observada no mês anterior. Na passagem de fevereiro/2023 para março/2023, o número de dívidas apresentou alta de 1,81%.
GRÁFICOS – NÚMERO DE DÍVIDAS EM ATRASO
Destaca-se a evolução das dívidas com o setor de Bancos, que registrou crescimento de 32,08%, seguido de Água e Luz (15,79%). Em outra direção, as dívidas com o setor credor de Comunicação (‐13,96%) e Comércio (‐3,46%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso.
GRÁFICOS – NÚMERO DE DÍVIDAS EM ATRASO POR SETOR CREDOR
Em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de Bancos, com 64,03% do total. Na sequência, aparece Comércio (11,54%), o setor de Água e Luz com 10,84% e Comunicação com 7,03% do total de dívidas.
“Para o consumidor sair da situação da inadimplência, ele precisa antes de tudo negociar e fazer um controle do orçamento para saber onde vai precisar cortar gastos para usar o dinheiro no pagamento das dívidas. Caso contrário, a pessoa negativada vai retornar em pouco tempo para a inadimplência”, alerta Merula Borges, especialista em finanças da CNDL.
Para todos os indicadores, considera-se que uma dívida é a relação de um credor com um devedor, mesmo que esse credor tenha incluído vários registros desse devedor junto ao SPC Brasil. Ou seja, mesmo que um devedor tenha quatro registros de um mesmo credor, assume-se que esse consumidor tem apenas uma dívida.