Rio engaja o Cristo na briga pelos royalties

O governador Sérgio Cabral quer pressionar o Senado a alterar a emenda que muda a distribuição dos recursos pagos às regiões produtoras. Texto atual reduz valores pagos ao estado


15/03/2010 00h00

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A estátua do Cristo Redentor, no Rio, passou ontem a servir de outdoor para os protestos do governo fluminense contra a emenda Ibsen Pinheiro, que redistribui os recursos de royalties e participações especiais da produção de petróleo e impõe uma perda de R$ 7 bilhões por ano para os cofres do estado e de 90 cidades fluminenses. De acordo com o padre Omar Raposo, reitor do santuário do Cristo Redentor, o governo pediu autorização à Arquidiocese do Rio para que uma faixa com os dizeres “Contra a covardia em defesa do Rio” fosse pendurada no monumento. As dimensões são equivalentes à indignação dos cariocas: 25 metros de largura e 37 metros de altura.

A frase dá nome ao movimento desencadeado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) para tentar pressionar o Senado a barrar a emenda, aprovada na Câmara dos Deputados na semana passada. A peça foi afixada nas armações metálicas que foram montadas em torno da estátua no início do mês, para obras de conservação. O acesso ao topo do morro do Corcovado permanece aberto à visitação durante a reforma do Cristo, mas, além dos andaimes, os turistas têm agora que dividir a foto do monumento com a faixa-protesto. Apesar de ter concedido a autorização para que ela fosse pendurada, a Arquidiocese não informou se apoia o movimento organizado por Cabral, que promoverá uma passeata na próxima quarta-feira. No sábado, Cabral havia feito declarações duras contra a versão atual do texto. “A emenda do pré-sal não apenas inviabiliza a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, como também qualquer outro investimento do Estado do Rio. Para tudo. Tudo. Os royalties representam de 12% a 15% da nossa arrecadação”, afirmou.

A comoção no Rio em relação às consequências da emenda chegou aos jogos de futebol do campeonato carioca no fim de semana. Antes de iniciar a partida entre Bangu e Madureira pela Taça Rio, em Moça Bonita, o árbitro pediu um minuto de silêncio às torcidas. Mas em vez de um falecido recente, o luto foi dedicado à ameaça de perda de mais de 90% dos repasses indenizatórios da indústria do petróleo. Vasco e Flamengo também entraram em campo no Maracanã com uma faixa similar à do Cristo. O governo fluminense também pendurou faixas nos teatros Municipal e João Caetano (centro), na Câmara do Rio e no tapume das obras do futuro MIS (Museu da Imagem e do Som).

No sábado, Cabral detalhou a mobilização contra a emenda, que envolve entidades sociais e políticos de várias correntes partidárias, como a prefeita de Campos, a ex-governadora Rosinha Garotinho, seu desafeto. Líder da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), Rosinha afirmou que prefeitos do interior organizarão caravanas para agregar manifestantes à passeata planejada por Cabral para a próxima quarta-feira, no Centro do Rio. Só o de Macaé, Riverton Mussi, prometeu enviar 1,5 mil pessoas. Cabral pretende decretar ponto facultativo a partir de 15 horas no dia da passeata e disse esperar o mesmo das prefeituras. Segundo o governador, uma comitiva do Espírito Santo, que também terá prejuízos com a emenda, participará do ato.


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