Tecnologia: Operadoras investem na 4G - a conexão para celular 180 vezes mais rápida

Previsão é que tecnologia chamada LTE chegue ao Brasil por volta de 2014


04/03/2010 00h00

"Olha" - é o que você vai responder quando alguém ligar perguntando onde você está. Por que descrever o ambiente com palavras se você pode transmitir pelo celular imagem em tempo real e em alta definição?

As operadoras de telefonia móvel estão investindo em uma tecnologia de acesso à internet que terá uma conexão cerca de 180 vezes mais veloz do que a atual.

Segundo cálculos do engenheiro Marcelo Zuffo, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, as conexões móveis da 3ª geração (conhecidos como 3G, atualmente em uso) levam em média 6 horas para baixar um arquivo de 1 gigabyte. Já a tecnologia LTE (Long Term Evolution), ainda não implantada no Brasil, faria o download do mesmo arquivo em 2 minutos (veja gráfico abaixo).

Para chegar a essa conclusão, Zuffo considerou uma taxa efetiva de download de 20%, ou seja, presumiu que o usuário consegue usufruir de um quinto da velocidade máxima de download, verificada em testes. Na prática, a taxa efetiva varia muito e depende de condições como intensidade do tráfego (número de pessoas usando a conexão ao mesmo tempo), distância do aparelho em relação à antena e o contrato com a operadora.

Especialistas preveem que a tecnologia 4G permitirá ao usuário assistir a um filme de alta definição no momento em que o arquivo está sendo baixado no dispositivo móvel. Também será possível armazenar um vídeo em um computador remoto no momento em que as imagens estão sendo captadas pela câmera - sem necessidade de primeiro gravar e depois descarregar. Jogar games graficamente complexos com usuários de outros países é outra tendência para o 4G. Essa tecnologia não ficará restrita ao celular, podendo ser usada em conexões sem fio em computadores.

Perspectiva no Brasil

"Apesar de algumas operadoras iniciarem os testes com o LTE este ano, a perspectiva é que ele esteja disponível para o consumidor em 2014", prevê o engenheiro Eduardo Tude, diretor da consultoria Teleco, referindo-se ao Brasil. No exterior, o LTE já existe na Suécia e está em fase inicial nos Estados Unidos.

Até lá, a implantação do LTE tem que passar por alguns trâmites na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Primeiro, será preciso definir em qual das categorias de serviços listadas na Anatel o LTE se encaixa. Em seguida, é preciso definir a radiofrequência a ser utilizada. Depois, caso haja demanda e dispositivos em escala comercial, define-se o modelo de licitação das radiofreqüências e depois é feito o leilão. Essas medidas são tomadas após consulta pública.

Preço do serviço

Não existe nenhuma garantia de que o advento dessa nova tecnologia barateie o acesso à internet, ainda que ela represente "mais um meio para competir" no mercado, como afirma Luiz Henrique da Silva, economista da Telcomp, entidade com o objetivo de incentivar a competição no setor de telecomunicações.

Ele argumenta que o consumidor terá mais opções, podendo escolher entre o LTE, o WiMax (uma forma de conxeão sem fio), a tecnologia 3,5G (mais rápida que a 3G) e a banda larga fixa, de acordo com a necessidade do usuário de mobilidade e de velocidade de acesso. Essa concorrência poderia pressionar para baixo o preço dos serviços, "mas é preciso ter novos players no mercado; não adianta ter só um grupo econômico oferecer todos esses serviço numa determinada região".

E qual a chance de aparecerem novos atores nesse mercado? "É difícil. As operadoras tradicionais levam vantagem porque já têm as antenas instaladas. Fica mais barato [para elas] do que para um novo player." Ele acrescenta, no entanto, que "não é impossível", pois "o Brasil é a bola da vez" e pode atrair investimento estrangeiro.


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