Encostou, pagou

Novas maneiras de realizar transações geram mudança de comportamento de compra e trazem mais possibilidades de personalizar a venda


04/11/2019 08h13

Imagine obter o perfil do seu consumidor quando ele fizer o pagamento na loja. Agora, imagine fidelizar o seu cliente com ofertas direcionadas a ele. Essas são algumas das possibilidades trazidas pela mudança de comportamento na maneira de comprar. O uso de tecnologia de pagamentos por aproximação, com carteiras virtuais e aplicativos, abre novas oportunidades para o lojista e é mais um passo na era da moeda digital.

Dados da Visa Analytics & Consulting apontam que o brasileiro usou 18 vezes mais a tecnologia de pagamentos por aproximação, comparando os meses de dezembro de 2017 e 2018. Em todo o Brasil, foram mais de um milhão de transações contactless por mês em 2018, com destaque para as capitais São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Belém e Porto Velho, onde a tecnologia foi mais usada. Os números também mostram que pelo menos 80% dos terminais de transações (POS) aceitam pagamento por aproximação e o uso das carteiras digitais registrou um crescimento superior a 431% entre os dois anos. A tendência é esse comportamento se popularizar ainda mais.

Como funciona?

O modelo mais comum de pagamento por aproximação é o cartão físico. Em vez de inserir o cartão na máquina, basta encostar. É uma maneira de agilizar o processo de pagamento por cartão. Mas são os smartphones e smartwatches que agregam mais vantagens a essa tecnologia. O usuário cadastra os cartões no sistema do celular ou do relógio e utiliza os aparelhos para pagar por aproximação na máquina.

Outra opção são as carteiras virtuais. Nelas, é possível guardar dinheiro – inclusive criptomoedas – e realizar o pagamento por aproximação ou a distância, no comércio on-line, por exemplo. Uma terceira possibilidade é o aplicativo da própria loja, no qual o cliente se cadastra, acessa ofertas exclusivas, acumula pontos e insere créditos para realizar compras.

Comportamento de compra

Para que todas essas tecnologias sejam úteis, é preciso que o lojista também adira a elas. Isso garante o atendimento a clientes que já utilizam e incentiva os que ainda não possuem. É o que esperam os entusiastas desses sistemas. Sandra Vianna, analista de business intelligence, gostaria de sempre sair sem sua carteira física, munida apenas do celular e do smartwatch, mas a incerteza da disponibilidade de opções contactless nas lojas a obriga a adiar os planos. “Nem todas as lojas têm a tecnologia de aproximação ou uma carteira virtual, então fico entusiasmada quando sei que determinados estabelecimentos vão receber a minha forma de pagamento favorita. Busco sempre voltar a esses lugares, criamos um vínculo”, conta.

Sandra tem seus cartões no sistema do celular, utiliza carteiras virtuais, de lojas e, às vezes, insere créditos em aplicativos de transporte, tudo isso para aproveitar vantagens. “Muitas vezes, encontro descontos no pagamento por esses meios, então sinto que meu dinheiro rende mais. E é uma maneira de visualizar melhor a distribuição do meu orçamento. Consigo ver tudo no celular”, relata.

Vantagens para o lojista

Assim como o cliente tem suas vantagens, os lojistas também podem tê-las. Muitas vezes, as taxas de uma fintech são menores do que as dos bancos e o dinheiro fica disponível e tempo real. A depender do sistema e das licenças, é possível obter dados mais claros sobre as vendas e até o perfil do seu consumidor, como no caso dos aplicativos desenvolvidos especialmente para a loja.

Com o passar dos anos, a chegada dos cartões e a popularização das máquinas de pagamento praticamente extinguiram o uso de cheques e reduziram as compras em dinheiro vivo. Agora, é a vez da transformação no uso virtual do dinheiro. “As tecnologias vão conviver, assim como os cartões coexistem com o dinheiro. O surgimento de um sistema não significa o fim do outro, mas temos uma mudança de comportamento na maneira de comprar”, analisa Alexandre Pinto, diretor de Novos negócios da Matera, empresa de soluções de tecnologia em transações financeiras. “O brasileiro tem a característica de virar a chave rápido quando o benefício é real, como os casos da Netflix e Uber”, exemplifica.

Pinto lembra que, em alguns negócios, ainda existe uma base importante de clientes que sequer possui conta em banco. Para parte deles, as novas tecnologias podem ser um canal para participar das transações virtuais. Quem nunca teve conta-corrente ou cartão de crédito recorre a fintechs, que criam essas possiblidades em curto prazo pelo celular.

Outro caminho mais democrático nas novas tecnologias de transações financeiras é a utilização de QR code, em vez do tradicional sistema NFC. “O QR code tem custo menor nas transações, opção de dispensar a conexão com a internet e possibilita conhecer o comportamento de compra do cliente, gerando a personalização de vendas”, explica.

Atualmente, o sistema QR code está em vias de ser padronizado, para que um mesmo sistema seja capaz de ler códigos de qualquer origem, o que facilita o processo para o consumidor e para o lojista. Assim, o custo da transação tende a cair ainda mais.

 

Fonte: Revista Varejo S.A


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