Confiança das micro e pequenas empresas cai 12,1% e atinge o menor patamar em sete meses, mostra indicador do SPC Brasil e da CNDL

A economia brasileira em recessão e o aprofundamento da crise política têm afetado o ambiente de negócios dos micro e pequenos varejistas e dos prestadores de serviços.


05/05/2016 11h11

O Indicador de Confiança da Micro e Pequena Empresa (ICMPE) calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apresentou queda de 12,1% no último mês, passando de 43,15 pontos para 37,92 pontos na passagem de março para abril. Trata-se do patamar mais baixo verificado pelas duas instituições desde setembro do ano passado, quando o índice estava em 37,62 pontos. O resultado, abaixo do nível neutro de 50 pontos, indica que a percepção desses empresários é pessimista. A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, mais confiante está o micro e pequeno empresário consultado.

O ICMPE é composto mensalmente pelo Indicador de Condições Gerais e pelo Indicador de Expectativas a partir das opiniões dos micro e pequenos empresários residentes nas 27 capitais e no interior. O Indicador de Condições Gerais, que avalia a percepção do micro e pequeno empresariado sobre o desempenho de suas empresas e da economia brasileira nos últimos seis meses, retraiu, passando de 25,94 pontos para 24,02 pontos na escala. Em termos percentuais, 85,0% dos empresários entrevistados consideram que a economia piorou nos últimos seis meses, contra apenas 5,1% que relatam ter havido melhora. A proporção dos que notam deterioração na performance de seus negócios é um pouco menor, mas ainda assim é elevada: 64,0% dos entrevistados. Além disso, a queda nas vendas é uma realidade para seis em cada dez (64,8%) entrevistados que observam piora no desempenho dos seus negócios

“Com o agravamento da crise política e econômica, houve uma piora generalizada na confiança dos empresários dos mais diversos ramos. O mesmo acontece com os consumidores, que acuados com a queda da renda e aumento do desemprego, retraem o consumo, reduzindo por consequência o faturamento das empresas. Para a reversão desse quadro, é preciso superar o impasse político com o encaminhamento de medidas que ataquem o problema fiscal, que é a raiz da crise econômica. Sem um fato novo capaz de reverter as expectativas dos consumidores e empresários, a tendência é que esse círculo vicioso se mantenha ainda por mais tempo”, afirma o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.

Expectativas deterioradas para os próximos seis meses

A percepção dos micro e pequenos empresários de como serão os próximos seis meses para a economia e para os seus negócios também foi analisada e apresentou um patamar modesto. Em abril, o Indicador de Expectativas caiu para 48,36 pontos frente aos 56,06 pontos verificados no mês de março. Como o indicador ficou abaixo do nível neutro de 50 pontos, significa que a maior parte dos empresários está pessimista com o ambiente de negócios no curto prazo. Os dois componentes que estruturam esse indicador apresentaram queda no último mês. A abertura focada nas expectativas para os negócios caiu de 62,19 para 55,12 pontos. Já as expectativas para a economia do país passaram de 49,92 pontos para 41,59. Em termos percentuais, somente 28,3% dos micro e pequenos empresários estão confiantes com o desempenho da economia, ao passo que 49,5% estão pessimistas. Em se tratando exclusivamente do desempenho de seus negócios, 45,5% dos entrevistados disseram estar confiantes para os próximos seis meses, enquanto 28,1% demonstram pessimismo com o futuro das suas empresas. Dentre os que manifestam pessimismo, o que mais pesa é a convicção de que a economia não irá se recuperar, mencionada por 60,0% da amostra, seguido pelos que disseram não ter mais recursos para investir no negócio (10,2%). Considerando as expectativas sobre o faturamento da empresa nos próximos seis meses, 66,5% dos micro e pequenos empresários não têm perspectivas de que suas receitas cresçam. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, para o país esboçar sinais de melhora em meio à crise a retomada da confiança é peça-chave. “Se há otimismo, os empresários estão mais dispostos a assumir riscos para ampliar seus negócios e contratar mais funcionários. Mas o humor do empresariado também depende de medidas efetivas do governo para conter o aumento exacerbado do desemprego e da deterioração fiscal”, afirma.

Metodologia

O Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário (ICMPE) leva em consideração 800 empreendimentos do setor comércio varejista e serviços, com até 49 funcionários, nas 27 unidades da federação, incluindo capitais e interior. Quando o indicador vier abaixo de 50, indica que houve percepção de piora por parte dos empresários. A escala do indicador varia de zero a 100. Zero indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais da economia e dos negócios “pioraram muito”; 100 indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais “melhoraram muito”.


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