Shopping´s migram para o interior

Até 2009, os moradores de Jundiaí, no interior de SP, podiam frequentar somente um shopping de grande porte.


11/01/2010 00h00

De olho no crescimento da cidade, no entanto, dois dos maiores grupos desse tipo de empreendimento no país – Iguatemi e Multiplan – pretendem disputar a preferência dos cerca de 350 mil habitantes da cidade nos próximos anos.
 
A cidade não é exceção. Nos próximos dois anos, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), 25 empreendimentos devem abrir as portas no interior dos estados brasileiros. Nas capitais, o número será bem menor: 14.
 
Para a Associação Brasileira dos Lojistas de Shoppings (Alshop), a quantidade pode ser maior. A entidade estima em cem os shoppings que devem ser inaugurados nos próximos três anos, a maioria deles em cidades do interior. (Os dados diferem por conta da metodologia: a Abrasce considera apenas os shoppings com administração centralizada e lojas locadas, não vendidas.
 
Migração

“A partir de 90, saturaram as capitais. Hoje, inaugurar um shopping em São Paulo no mínimo é um empreendimento de risco, porque tem muita concorrência”, avalia Eduardo Terra, diretor institucional e professor do Provar (Programa de Administração do Varejo).

 “Por outro lado, as cidades no interior cresceram em tamanho e em poder aquisitivo. Então cidades a partir de 150 mil habitantes passaram a ter condições de ter shopping. Deve ter umas 30 cidades que ficaram interessantes agora”, explica.
 
É atrás desse “filão” que a rede Iguatemi está atrás: “O interior de São Paulo representa 20% do PIB do Brasil, é um pedaço expressivo. Mas não basta ter concentração de riqueza, tem que ter muita gente. E o interior de São Paulo é excelente para isso”, diz Cristina Betts, diretora de Relações com Investidores da rede, que tem foco no estado.

Para o Iguatemi, que tem seis shoppings em operação em cidades do interior, e mais dois em construção, a classe média é grande atrativo. “Tem que ter um mínimo de tamanho e de renda, um certo público de classe média em formação. A gente procura cidades que estão em crescimento, a estratégia é bem calcada para crescer junto com a cidade”, diz Cristina.

Modelos diferenciados

No foco dos investimentos, estão as cidades de médio porte, com entre 150 mil e 500 mil habitantes. “Algumas dessas cidades não têm um shopping bem montado ainda. São dezenas de cidades, [sendo que] muitas delas podem receber um projeto de um shopping”, diz Eduardo Terra.

“Basicamente, a cidade precisa ter uma população economicamente ativa interessante, um nível de emprego e consumo razoável, ou ter em torno de sim um conjunto importante de consumidores potenciais, uma cidade que funcione como polo”, concorda Silvio Laban, professor de marketing do Insper e conselheiro do Shopping Center Management Program.
 
Mas, com menos habitantes, essas cidades recebem em geral modelos “simplificados” de shoppings: “Uma versão pequena de um tradicional, com três ou quatro lojas âncoras, cinema, praça de alimentação, estacionamento, muita franquia, mas num tamanho menor. São modelos ajustados às realidades locais, Isso vai ter muito nos próximos anos aqui no Brasil”, completa o especialista do Provar.
 
Enquanto nas grandes capitais, onde o mercado está consolidado, a tendência é a segmentação, com empreendimentos de luxo, nas cidades menores a tendência é buscar um público mais geral. “Eu desconheço algum empreendimento de alto luxo no interior”, diz Laban. “Apesar do interior ter alto poder aquisitivo, por conta do porte das cidades elas têm menos consumidores, o que torna mais difícil um empreendimento dessa natureza.
 
Essas características são visíveis nos projetos do Iguatemi: enquanto o shopping paulistano tem cerca de 130 mil metros quadrados de área construída, os empreendimentos do interior “nascem”, em geral, com 30 mil metros quadrados, crescendo depois de acordo com o desenvolvimento da cidade, de acordo com a executiva Cristina Betts.
 
E os projetos são mais simples: “Em Jundiaí e Ribeirão Preto, os shoppings são mais térreos, então o custo de construção é muito mais baixo. Já uma obra como o JK shopping voltado ao segmento de luxo que a empresa pretende inaugurar na capital paulista] é muito mais complexa, e o acabamento é totalmente diferente”, diz ela.
 
“Normalmente numa cidade menor você não tem uma elite para um shopping de luxo. A tendência é que seja um shopping classe média. A concentração do publico classe A acontece nas capitais brasileiras, onde há uma massa maior de população”, aponta Luiz Fernando Veiga, diretor-presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).
 
Veiga não acredita, no entanto, no esgotamento das capitais: “Realmente as capitais estão com a indústria de shoppings já bastante explorada, não significando que esteja esgotada. Se os bairros tiverem oportunidade, vai aparecer shopping.


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